Legendagem para Surdos e Ensurdecidos: Em que consiste, quais os desafios e qual a sua importância para um mundo mais inclusivo

O que é a LSE (Legendagem para Surdos e Ensurdecidos)?

Num mundo que se quer mais aberto e inclusivo, as ferramentas que permitem levar as experiências televisivas e cinematográficas àqueles cujos sentidos estão diminuídos são fundamentais. 

Focada na comunidade de pessoas surdas e ensurdecidas, a LSE (Legendagem para Surdos e Ensurdecidos), surge como uma ponte que dá acesso a tudo o que, de outro modo, estaria vedado a esta comunidade: as falas das personagens de um filme, por exemplo, mas também os cambiantes emocionais das referidas falas, o espírito da música ambiente, as variadas emoções expressas na comunicação (verbal ou não-verbal) ou até mesmo variados outros sons e silêncios que sejam relevantes para o enredo. 

Por tal, muitas vezes se chama “tradaptação” à LSE, mas esse termo é mais lato, referindo-se à atividade de traduzir e/ou adaptar um conteúdo, como, por exemplo, uma peça de teatro, para que possa ser apreciado por pessoas com diferentes níveis de surdez.

Legendagem para Surdos e Ensurdecidos: Muito mais do que simples legendas

A Legendagem para Surdos e Ensurdecidos, ou LSE, é um trabalho pouco conhecido, e ainda menos reconhecido, e pode, numa primeira análise, ser interpretado de forma redutora: não bastarão as tradicionais legendas, que todos utilizamos, para chegar às pessoas com desafios de audição? Longe disso. Num exemplo exagerado, pense numa cena de um filme de suspense, na qual podem facilmente decorrer vários minutos sem uma única fala, mas em que a música ambiente assume um papel fundamental. 

Podemos estar apenas a ver o interior de uma simples casa, porém, uma música tenebrosa faz-nos suspeitar que algo de estranho ali se passa; a ela junta-se o som de uma porta a ranger, barulho de passos mais ao longe e outros sons que compõem toda uma ambiência eletrizante.

Imagine que na mesma cena, de repente, surge um elemento de normalidade, como uma torneira a pingar ou o tiquetaque de um relógio, e esse som para de repente, aumentando a desconfiança do espectador-ouvinte.

Para um surdo ou ensurdecido, que dependesse unicamente das tradicionais legendas, tudo isto passaria ao lado. Assim, um trabalho de tradaptação (LSE) tem em consideração todos estes elementos sonoros, ou a falta deles, para que a audiência surda ou ensurdecida siga a cena na sua plenitude e não perca nenhum dos seus cambiantes. E o que se aplica a um filme de entretenimento, aplica-se a noticiários e demais peças audiovisuais.

Em detalhe: O que deve ser considerado na LSE (Legendagem para Surdos e Ensurdecidos)?

O tema é tão sensível e complexo que existe um Guia de Boas Práticas, da autoria da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, enumerando diversas considerações para este tipo de trabalho. Pormenores como espaçamento dos caracteres, seu posicionamento e sua duração no ecrã são considerados, pois uma pessoa surda ou ensurdecida depende sobretudo dos elementos visuais e, consoante os diferentes graus de surdez, pode mesmo ter desafios acrescidos na leitura e requerer, assim, de mais tempo para ler as legendas. 

Há também indicações que exigem aos profissionais de tradaptação/ LSE um nível adicional de sensibilidade. A título de exemplo, imagine uma cena passada num carro e, no rádio, está a tocar uma música. Qual o nível de relevância dessa música para a cena? 

A resposta é dada pela sensibilidade do profissional; pode optar por resumir esse elemento sonoro como “música alegre/triste a tocar no rádio”, ou transcrever a letra da canção, com emojis, indicando se é triste ou alegre, ou ainda colocar essa indicação entre parêntesis. 

Também podem ser utilizados os ditos emojis para transmitir a emoção de uma fala.

Estas são apenas algumas das considerações sobre um trabalho com o enorme grau de complexidade e as particularidades da LSE. Por todo o exposto anteriormente, resulta evidente que só podem fazer este trabalho profissionais muito sensíveis e extremamente experientes, que saibam, possam e queiram ajudar a contribuir para a igualdade entre espectadores surdos ou ensurdecidos e o público ouvinte. Só com profunda sensibilidade e grande prática se consegue fazer em tempo útil um trabalho que veicule o espírito da mensagem original para todos os que visualizam um filme, independentemente de diversos fatores específicos, como diferentes níveis de surdez, espectro de idades do público-alvo e possíveis capacidades adicionais de leitura labial.

Conte connosco

Na essência do trabalho da CristBet reside uma convicção muito forte de que a comunicação desempenha um papel fundamental naquilo que são valores da igualdade e da inclusão. Isso é verdade em projetos que abarcam a maioria da população, como a tradução e legendagem de uma série de língua estrangeira para o idioma português, mas assume um propósito e relevância ainda maiores nas atividades que levam entretenimento e conhecimento às minorias. Se a sua empresa produz ou distribui conteúdo audiovisual, seja ele de que natureza for – filmes, séries, programas, documentários, webinars, entre muitos outros – considere levá-lo mais longe, a mais pessoas que, à partida, não poderiam beneficiar plenamente desse mesmo conteúdo. Conforme poderá concluir da leitura deste artigo, a Legendagem para Surdos e Ensurdecidos não é um trabalho que deva ser encarado de ânimo leve. É um trabalho que pode, com alguma facilidade, desvirtuar a mensagem que se pretende passar, falhar na envolvência do público-alvo, ou ficar aquém no seu alcance. O resultado em qualquer desses casos será dramático, até porque facilmente se entende que qualquer segmento da população que esteja diminuído num sentido tão vital, tem, obviamente, uma sensibilidade e uma noção de ofensa acrescidas.

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