Cristina Bettencourt

O mundo corporativo e as suas relações interlinguísticas

Entrevista: Cristina Bettencourt, Intérprete e CEO da CristBet, Lda.

No mundo empresarial estabelecem-se relações além-fronteiras que não conhecem barreiras físicas, nem linguísticas e que têm na CristBet uma facilitadora de comunicações.

É conhecida por aparecer na televisão e no cinema, em filmes, programas e séries, mas marca presença também em eventos nacionais e internacionais. A CristBet é a empresa de tradução que colabora com estações televisivas, entidades governamentais e bancárias, instituições de ensino e grupos hoteleiros. A fundadora é Cristina Bettencourt e qualquer semelhança com o nome da empresa não é pura coincidência. As oito pessoas que integram a CristBet, sócia benemérita da Associação Lusófona dos Intérpretes de Conferência (ALIC), e os seus muitos colaboradores externos dão resposta aos inúmeros pedidos que lhe chegam e que contribuem para o seu sucesso e crescimento.

Como é que surgiu a CristBet?

A CristBet surgiu da minha própria atividade, como é comum nas empresas de tradução. Fui convidada para traduzir filmes e depois fazer traduções escritas. Comecei, então, a trabalhar na Universidade Católica Portuguesa, onde surgiram as conferências para executivos de topo. Como era a única tradutora na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais propuseram-me que fizesse a tradução simultânea. Entre 1995 e 1997 trabalhei só para a Universidade Católica. Em 1998, quando os colegas começaram a saber que eu existia, comecei a ter imensos de clientes cá fora. Como a minha atividade como tradutora estava de tal modo intensa, com as traduções escritas e a atividade dos audiovisuais, e como a tudo isto acrescia, ainda, a tradução simultânea de conferências, a estrutura começou a ser muito pesada para mim, sozinha, como freelancer. Em 1999, fundei, então, a CristBet para dar resposta aos meus clientes.

E o negócio tem prosperado desde a fundação da empresa?

Nós trabalhamos fortemente nas três vertentes. Estamos nas televisões principais, na tradução escrita e também continuamos muito ativos na tradução simultânea. Como além de tudo isso, temos, ainda, soluções de som integradas, a empresa não tem parado de crescer. Temos trabalhado em grandes eventos como a Volvo Ocean Race e a Air Summit, entre outros. Somos também presença frequente em eventos da Comissão Europeia, há largos anos.

Há 20 anos a atuar no mercado português, que valores a têm feito prevalecer?

Acho que não só é a qualidade, mas também a nossa inteligência emocional. Qualquer pessoa da nossa equipa, sejam as administrativas, os tradutores ou os intérpretes, tem uma enorme disponibilidade para tudo o que o cliente possa necessitar, muitas vezes até fora do âmbito da tradução. Não só os clientes encontram sempre em nós um interlocutor disponível, como aliamos, também, eficiência a um trato simpático e informal. Está no ADN da empresa. No trabalho de interpretação, mais especificamente, trabalhamos muitas vezes sem qualquer documentação – o que não deveria acontecer –, mas tentamos sempre acompanhar os oradores e fazer tudo para traduzir bem e não perturbar o evento. Ao fim de muitos anos de trabalhos vários de toda a equipa, temos uma vasta cultura geral de diversas matérias.

Que organizações contratam os serviços comercializados pela CristBet?

Todo o tipo de organizações, sejam entidades governamentais, câmaras municipais e juntas de freguesia, centros de congressos, hotéis e multinacionais. Este ano foi espetacular. Houve imenso trabalho de conferências e cursos de formação de várias organizações, com recurso a interpretação.

Quais são os idiomas mais solicitados?

Agora procuram muito o russo, o árabe e o chinês. São línguas pouco vulgares, mas muito solicitadas. E, como sempre, o inglês, o francês, o alemão, o espanhol e o italiano.

Têm sempre profissionais que dão resposta aos pedidos?

Temos. Nunca recusámos um evento por falta de profissionais. Se uma determinada combinação linguística não estiver disponível naquele momento, em Portugal, nós sabemos onde ir buscá-la, informando o cliente, claro, do custo associado que o procedimento pode representar.

Funcionam, também, como parceiros?

Sim. Temos contactos privilegiados a que pessoas ou empresas fora do meio não conseguem facilmente aceder.

Como é que se processa a interpretação de conferências?

É uma tradução verbal em tempo real. Os clientes contactam-nos e nós organizamos as melhores equipas para cada evento. Podemos disponibilizar só os meios técnicos, os intérpretes ou ambos. Se o cliente não sabe bem o que pretende, fazemos uma visita técnica para ver a melhor solução e o material necessário. Disponibilizamos uma panóplia de serviços e oferecemos soluções integradas, desde as traduções iniciais às conferências finais, numa parceria completa. Em tradução e audiovisuais, a CristBet pode tratar de tudo. Todo o mundo corporativo e empresarial passa por ligações internacionais e interlinguísticas. Portanto passa, ou passará, pela CristBet.

Entrevista publicada na edição 118 da RHmagazine e no inforh.pt