A Cristbet é, diariamente, o veículo para uma enorme população de surdos na TVI generalista, assegurando a tradaptação das suas novelas, por exemplo “Quer o Destino”, “Na Corda Bamba”, entre outras.
A tradaptação, grosso modo, consiste na descrição escrita (apresentada sob a forma de legendas) do conteúdo sonoro de peças audiovisuais, geralmente filmes e séries para televisão.
Trata-se de um trabalho complexo, com muitas especificidades, que carece de profissionais não só muito experientes, como especiais, que aliem ao talento e perceção linguística muito afinados, grande capacidade de empatia. Necessitam de uma combinação de “soft skills” e “hard skills”.
Este importante trabalho, que a Cristbet faz, diariamente, há 14 anos, tem de ser encarado não como um mero trabalho de texto e legendas, mas como uma missão social muito mais ampla, servindo, diariamente, os cerca de 115 mil surdos existentes em Portugal, e permitindo-lhes fruir de entretenimento e obras que de outro modo lhes estariam vedados. A tradaptação implica, de facto, uma abordagem muito especial e vários cuidados acrescidos, que não se resumem a escrever, apenas, as falas dos diferentes intervenientes.
Cuidados a ter na tradaptação
O primeiro cuidado que o tradaptador tem de ter é o de condensar bem o texto, de modo a que o fundamental seja entendido e o supérfluo não prejudique a essência do discurso. Em cada momento, há a preocupação subjacente de nos colocarmos na pele do espectador que está privado de audição.
Depois, através de códigos e caracteres específicos de programas informáticos próprios, acrescenta-se informação sobre sons importantes (bater de porta, ribombar de tempestade, zunir do vento, por exemplo) descrição de eventuais trechos musicais e tonalidade emocional dos discursos (se o tom é agastado, irónico ou alegre, por exemplo) e tudo o que nos pareça fundamental para o pleno entendimento da ação.
O grupo seleto de profissionais da Cristbet que executa este trabalho, diariamente, prepara e revê todos os pormenores cuidadosamente, tendo sempre em mente a vastidão de informação sonora que o público não ouvinte não consegue seguir, mas que é fundamental.
Sabemos que com a tradaptação estamos a servir sem protagonismo um público minoritário, mas abraçamos com fervor essa missão, que tanto nos dignifica.
Na realidade, a luta desse público, que o destino injustiçou, transformou-se também, há muito, na nossa mais importante causa diária.